A entrevista com Renato Russo

Compartilhar:

Autor

Em maio de 1994, um ano após o lançamento do álbum “O descobrimento do Brasil” e dois anos antes do álbum “A tempestade”, Renato Russo (Ou Renato Manfredini Júnior, para os íntimos) deu uma entrevista ao canal MTV sobre a história da Legião Urbana, como foram as produções dos álbuns, onde eles buscavam inspiração, como começaram, como era a vida deles antes da banda… Em resumo, Renato responde perfeitamente a primeira pergunta do vídeo: “O que é Legião Urbana?”.

Dizem que eu não sei nada
Dizem que eu não tenho opinião
Me compram, me vendem, me estragam
E é tudo mentira, me deixam na mão
Não me deixam fazer nada
E a culpa é sempre minha, oh yeah!


Se identificou? Um dos pontos que Renato aborda na entrevista é como as pessoas se identificam com as letras.

Eu acho que a gente desperta curiosidade porque as letras, a partir do momento… Assim, as letras e a própria atitude da gente falam da gente. Então de repente a pessoa que ouve uma canção do legião urbana… Se ela se identificar, se ela gostar daquilo ela vai sentir que aquilo é uma coisa que tá sendo dita para ela mesma. Então entre em funcionamento uma série de coisas que geralmente as pessoas, assim. Eu já percebi que as pessoas tem uma curiosidade de saber como a gente é, não pra saber como a gente é mas pra saber se nós somos iguais a. Sabe, então de repente tem um menino que fala “poxa, você escreveu Teatro dos vampiros, é igualzinho a historia da minha vida. Vocês são assim mesmo?” Então as pessoas tem essa curiosidade, mas pra saber se nós somos sinceros e honestos no que fazemos… E pelo menos até o Descobrimento do Brasil, eu posso dizer que sim.

Antes disso, o vocalista ainda afirma que Legião Urbana é “Um conjunto brasileiro que canta músicas em português, a partir de uma batida 4/4 e a partir de uma experiência urbana do que é ser um jovem brasileiro a partir dos anos 70”. E fica bem fácil de perceber isso quando ouvimos músicas como Aloha (citada no começo do texto), ou…

Baader-Meinhof Blues

Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar ao próximo é tão démodé

Tempo Perdido

Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder

Temos músicas com o qual é impossível não se identificar: O que dizer de Química? É uma música sobre o vestibular, algo com o qual (imagino eu) pelo menos 90% dos jovens brasileiros tem que se preocupar

Estou trancado em casa e não posso sair
Papai já disse, tenho que passar
Nem música eu não posso mais ouvir
E assim não posso nem me concentrar
Não saco nada de Física
Literatura ou Gramática
Só gosto de Educação Sexual
E eu odeio Química
Não posso nem tentar me divertir
O tempo inteiro eu tenho que estudar
Fico só pensando se vou conseguir
Passar na porra do vestibular

No mesmo álbum, temos “Tédio (com um T Bem Grande Pra Você)”, que é a síntese do que Renato disse antes: A experiência urbana de um Jovem.

Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro
Não tenho gasolina, também não tenho carro
Também não tenho nada de interessante pra fazer

Fala sério, que adolescente nunca ficou ocupado se preocupando com o vestibular ou reclamando que a cidade é tediosa? As experiências vividas pelos membros da banda com certeza não se restringe a eles, e acaba abraçando uma porrada de jovens que tem um mínimo de espírito.

Podemos dizer, com toda certeza do mundo, que quando nos identificamos com uma música, criamos um laço que nos faz sentir algo toda vez que ela. E por isso as pessoas gostam tanto das obras do Legião Urbana: é fácil de se identificar, o que muitas vezes cria o efeito “Essa música foi feita pra mim, não é possível”.

 

O início da Banda

Você, que toca algum instrumento, provavelmente já se juntou com alguns amigos que também tocam algo pra fazer um som, sempre rola o “Vamos montar uma banda?”. Vocês se juntam na casa de alguém e aprendem as músicas de determinadas bandas… E geralmente fica por isso mesmo, não é?

Se você for um pouco mais chegado pra esse lado, é provável que sonhe em ser um músico e leve as coisas mais a sério, nas horas vagas você fica pensando em como vai ser seu primeiro álbum (ou o primeiro da banda), quais serão as músicas, qual vai ser a capa, está tudo pronto só falta… Muita coisa: instrumentos, local pra ensaiar/gravar e o equipamento de som, só de pensar nisso já bate um desanimo, não é mesmo? Não se preocupe, muita gente que deu certo passou por isso (falaremos disso em outro post) … Inclusive a Legião Urbana

 É como eu falei, porque nisso você já tinha a banda, capa de disco, nome das músicas e tudo. Só não tinha “a coisa”, entendeu?

Eles também passaram por diversas formações, tiveram desentendimentos, é normal.

Uma das coisas que chamou minha atenção é que eles só faziam o que gostavam, mesmo quando a produtora queria algo eles direcionavam para algo que eles curtiam mais. O que é uma ótima lição para iniciantes: faça o que você gosta e, principalmente, tenha bom senso.

Fica aqui a entrevista, recomendo a todos.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=ArM1P5RbQf4]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados