Holy Land – Um álbum “glorioso”

Compartilhar:

Autor

Bom, se você leu a pagina “O que é o Blog e quem somos nós” deste blog, deve saber que uma das coisas que mais gosto é a banda brasileira de power metal Angra, e é exatamente por isso que vou falar sobre o icônico álbum “Holy Land”.

Antes de falar sobre o álbum, vou introduzir a banda para aqueles que ainda não conhecem.

angra
(Formação da época do “Holy Land”, é uma galera estranha, eu sei)

Angra é uma banda brasileira de power metal conhecida mundialmente, formada em 1991 por Andre Matos e Rafael Bittencourt. A banda mistura elementos de metal (óbvio) com a música erudita e ritmos brasileiros, se você nunca ouviu Angra (um integrante deste blog diria que você não esta perdendo nada) minimize esta aba e vá ouvir logo essa desgraça pois é bom demais.

MI0001397006

“Holy Land” é o segundo LP da banda lançado em 1996, é um álbum conceitual cuja temática é o período das Grandes Explorações e o Brasil no ano de 1500 (como referencia o nome do álbum e a capa), no total, o álbum possui 10 faixas e uma duração de 54:41 minutos (além das 10 faixas uma décima primeira foi lançada como bônus no Japão), o álbum levou a banda a fazer shows em vários países da Europa, como Itália, França e Grécia e também levou a banda a sua primeira turnê no Japão.
O álbum recebeu Disco de Ouro no Japão pelas mais de 100 mil copias vendidas.
Até hoje esse álbum é citado por muitos como um dos melhores e mais criativos no âmbito do power metal, por conta da presença de muitas influências da música brasileira nos arranjos.

Faixa a Faixa

1. Crossing – É a faixa de abertura do álbum, tendo sido feita pelo compositor italiano G.P. da Palestina. O Angra, na maioria de seus álbuns possui uma faixa de abertura geralmente toda instrumental, nesse caso a música possui um coral, e essas faixas de abertura sempre passam a ideia do conceito do álbum e de seus arranjos.
Na minha opinião, “Crossing” é de todas a que melhor faz esse papel, pois ela traz o contraste da música clássica europeia e os sons da natureza, como pássaros, chuva e o som do mar, mostrando como o álbum vai se seguir, tendo os elementos brasileiros e a influência erudita.
Essa canção mostra o encontro da Europa com a América do Sul, eu mesmo utilizei ela na produção de um vídeo escolar para a matéria de História.

2. Nothing to Say – Segunda faixa do álbum e talvez a mais famosa, é também a mais pesada e mais “metal” do álbum, ela começa com um riff rítmico usando a corda solta das guitarras junto com o baixo e a bateria acompanhando, composta por Ricardo Confessori, Andre Matos e Kiko Loureiro a música surgiu quando a banda ensaiava e o baterista, Confessori, fez o ritmo na bateria e o resto da banda acompanhou criando o arranjo.
A letra é do Andre Matos, vocalista da banda, podemos interpreta-lá como o primeiro contato dos europeus com a terra sagrada e seus nativos, a letra fala principalmente do desejo de conquista do novo mundo e de suas riquezas e da culpa que isso pode ter gerada na consciência de alguns.

3. Silence and Distance – Letra e arranjo toda do Matos, a música começa calma com piano e voz e depois cresce para algo mais pesado e rápido.
Na letra da para interpretar como sendo o sentimento de alguém que queria velejar pelo mar ou então voltar a velejar em busca do desconhecido, mas também podemos perceber que ela tem um cunho muito mais pessoal, falando talvez de algum momento da vida de Matos, através de metáforas, como por exemplo neste trecho:

“You’ll be the mistress “Você será a amante
Who I’ll never forget.” Que eu nunca esquecerei”

Dá para ter as duas interpretações, talvez a “amante” seja a terra que o suposto marinheiro visitou ou então alguém que passou pela vida de Matos.

4. Carolina IV – Ironicamente a quarta faixa do álbum, Carolina IV é a música que apresenta mais elementos brasileiros, iniciando com uma percussão que faz você se interessar pela canção logo de cara, e em seguida um coro que é cantado em português, é a mais longa do álbum, com mais de 10 minutos, durante esse tempo temos a percussão abrasileirada, os vocais sensacionais do André, um solo de baixo e um trecho da música “Bebê” de Hermeto Pascoal. Sobre a letra, composição de Bittencourt, temos uma história sobre uma caravela chamada Carolina IV que perdeu-se em sua jornada (você pensou que fosse o nome de alguma rainha ou princesa não é?).
Originalmente a música se chamaria “River to the Sky” e teria uma letra um pouco diferente, a mudança ocorreu pois os membros da banda iriam subir o pico da neblina para tirar fotografias para ilustra a canção, mas durante a subida o ônibus em que eles estavam quase tombou pico abaixo e o nome desse ônibus era justamente “Carolina IV”, assim Bittencourt reescreveu a letra imaginando uma caravela. No ônibus além dos 5 membros da banda iam o motorista e um fotografo, sete pessoas:

“Carolina IV took a river to the sky “Carolina IV pegou um rio para o céu
Seven men on board…”. Sete homens a bordo…”.

5. Holy Land – Faixa-Título do álbum, inicia com um piano tocando uma musica típica de capoeira, em seguida as guitarras e bateria entram mas sem perder a essência rítmica, de todas do álbum essa é a onde as guitarras são mais secundárias, os teclados e o vocal de Matos seguram bem a barra e fazem uma música surpreendente.
Tanto a letra como o arranjo pertencem a Andre Matos, e por falar na letra, ela fala sobre exatamente o que você está pensando, a Terra Sagrada, talvez nas entre linhas a letra possa ser mais pessoal, assim como “Silence and Distance”.

6. The Shaman – Outra toda composta pelo Andre, “The Shaman” tem um clima que casa muito bem com o título e a letra, puxa para esse lado místico. Dessa vez as guitarras tem muito mais presença, mas os teclados ainda se sobressaem, com um riff que cria essa atmosfera tensa e mística junto com os vocais e coros, é definitivamente umas das minhas músicas favoritas, tanto da banda como do álbum. No meio da música tem um trecho de uma obra retirada do álbum “Música Popular do Norte Nª4”, que para mim soa como o próprio “Shaman” recitando algo, o que reafirma esse sentimento místico.

7. Make Believe – Aqui temos a música que mais “foge” das influências, tanto no arranjo quanto na letra. É uma balada, para mim soa quase como pop, mas isso não é um ponto negativo, pelo contrário essa característica levou a música a ter um clipe e ser a que “bombou” fora do mundo do power metal. O clipe passou um número considerável de vezes na MTV Brasil e foi indicada para o MTV Video Music Brasil na categoria de “Escolha da Audiência”. Sobre a letra, como eu disse é a que mais se afasta do conceito inicial do álbum ( pelo menos eu não consigo achar uma relação direta com as Grandes Navegações).

8. Z.I.T.O – Essa é a mais interessante de todo o álbum, não desmerecendo as outras, mas é que se criou boatos sobre o que significa o nome e também sobre sua letra, as teorias vão desde um pacto entre os integrantes até mesmo o ato de auto satisfação sexual, seria interessante explorar essas teorias em um futuro podcast, então não vou me aprofundar. É uma música rápida, com solos rápidos com todas as técnicas que você possa imaginar.

9. Deep Blue – Chegamos a minha música favorita de todo o álbum (talvez por ser Progressiva), “Deep Blue” é linda, sério, a música tem uma atmosfera única, ela varia entre a calma do piano e violinos ao fundo e o peso dos outros instrumentos, fora que no meio possui canto lírico. Acho que é uma das melhores interpretações do Matos, pode ser porque a composição é toda dele, mas ela se diferencia das outras músicas como “Holy Land” e “Silence and Distance” ela parece ter uma carga emocional muito maior. Seu título pode ser traduzido como “Azul Profundo” de forma de literal ou então como “Profunda Tristeza”, pois “blue” tem um significado mais melancólico dependendo da interpretação, a letra traz essa ambiguidade no trecho:

“Waiting for someday when the ocean and sky
Will cover up the land in deep blue”

Pode ser entendido como: O céu e o mar envolverão a terra em um azul profundo ou em uma profunda tristeza, ai vai de cada um na interpretação, o resto da letra traz questionamentos pessoais como “Always be the same?”.

10. Lullaby for Lúcifer – Enfim a ultima canção do álbum (a não ser que você esteja ouvindo a versão do álbum lançada no Japão), o título pode assustar alguns, com somente violão e voz acompanhados pelos sons do mar e de gaivotas, é a melhor forma de encerrar o álbum, a música é curta com pouco mais de dois minutos,e a letra é de certa forma pesada e não é apenas o nome que faz referência a algo bíblico, como no trecho:

“Children playing around a tree “Crianças brincam ao redor de uma árvore
Sharing apples happily” Felizes, partilhando maçãs”

Acredito que tá mais que na cara a referência à Adão e Eva.

Nas ultimas 4 músicas parece que o conceito foge um pouco, mas se analisarmos, elas continuam citando o mar, o desconhecido. Segundo os próprios músicos todas as canções possuem ligações entre si, é uma marca do Angra contar pequenas histórias em capítulos, como forma de músicas mas que se unem para formar um livro, em formato de álbum.

Como considerações finais vou lembra-los que isso não é uma resenha critica, é apenas um fã do Angra tentado explicar o porque dele ser fã do Angra.

Outra consideração, com relação à canção “Z.I.T.O.”, seu significado já foi explicado pelo próprio compositor, Rafael Bittencourt.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados