Top 5 músicas BR mais tristes

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Pra quem gosta de música triste, noites solitárias são ótimas. Então aqui vai uma lista de músicas brasileiras que podem te proporcionar esse clima melancólico que algumas pessoas gostam… Seja lá por qual motivo.

Lembrando que se você possui depressão ou é uma pessoa muito triste, não recomendamos que você acesse esse post… Porque ele é muito triste e pode piorar o seu quadro.


5. Chão de giz

Música clássica do Zé Ramalho, foi composta durante período triste da sua vida, onde ele Chão de Giz, Zé Ramalhoprocurava deixar de amar uma mulher que só o queria para o prazer carnal. Ela era bem mais velha que ele e era casada com um homem da elite de João Pessoa, cidade que ambos habitavam. Eles se conheceram durante o carnaval e o que deveria ter durado só um dia acabou ficando na cabeça do jovem por muito tempo, fazendo até com que ele se mudasse (pois morava do lado dela) para tentar esquecê-la.

Sua letra é cheia de metáforas e simbolismos. A primeira frase, por exemplo, é bem discutida, alguns argumentam que o “chão de giz” simboliza a fragilidade do relacionamento ou a fragilidade dos sentimentos de Zé, que estava abalado no momento, outros dizem que o giz simboliza o cocaína,  droga em que ele estaria viciado no momento. Meu trecho favorito é “fotografias recortadas de jornais de folhas amiúdes”, que implica num possível hábito do Ramalho na época: como ela era da elite da cidade, ela saia em fotos no jornal, e ele as recortava devido a paixão.

Pode ser considerada uma das músicas mais famosas do Brasil desde seu lançamento, tanto que hoje em dia você pode ouvir ela depois das 22:00 sendo tocada em qualquer bar com música ao vivo (AÔôô sofrência).

Mas por que ela é tão triste para nós? Acredito que seja pela habilidade do compositor de transmitir muito bem seus sentimentos, tanto pela letra quanto pelo vocal. Sem deixar de falar, é claro, da melodia. Um violão bem triste, acompanhado de um coral, te faz entrar no clima bem rápido.

Ah, nós já falamos dessa música e outras coisas sobre o Zé Ramalho no 1º episódio do dó ré mi foda-se, vai lá conferir!

interpretação

Letra:

Eu desço dessa solidão
Espalho coisas
Sobre um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!

Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes

Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar, quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus

Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom

Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de boy
That’s over, baby!
Freud explica

Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom

Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular

No mais, estou indo embora!
No mais, estou indo embora!
No mais, estou indo embora!
No mais!

4. Gente Humilde

Essa música possui uma loooonga história… Segundo o site Acervo digital do violão brasileiro, a melodia foi criada por Aníbal Augusto Sardinha, conhecido pelo nome artístico “Garoto”, em 1945. Tendo como maior inspiração as visitas que Aníbal fazia aos subúrbios cariocas. A letra no entanto é de autor anônimo, um amigo de Moacir Portes que preferiu não se identificar ou receber créditos. Confira a letra original:

Em um subúrbio afastado da cidade
Vive João e a mulher com quem casou
Em um casebre onde a felicidade
Bateu à porta foi entrando e lá ficou
E à noitinha alguém que passa pela estrada
Ouve ao longe o gemer de um violão
Que acompanha
A voz da Rita numa canção dolente
É a voz da gente humilde
Que é feliz.

Essa versão, com a melodia e letras originais no entanto nunca foi gravada comercialmente.

Em 1961/62, Baden Powell, que era grande fã de Garoto, apresentou a música ao Vinicius de Moraes. Porém Vinicius se recusava a mexer em qualquer coisa na obra, pois tinha medo de trair a visão do autor original.
Elis Regina convidou ambos para participarem do programa O fino da bossa, o que fez com que Baden e Moraes começassem a viajar constantemente de trem para São Paulo. E quando o veículo fazia a volta, eles passam pelos subúrbios cariocas, e ai o tema da música banhava a mente de Vinicius. Nas palavras do mesmo:

Eu sentia aquele tema tão ligado àquele mundo empoeirado, àquela gente sem vez, àqueles velhinhos de pijama nas varandas. Eu sentia que naquele tema Garoto queria falar daquela gente do subúrbio, e eu só sei que um dia, há três anos, fui à Roma receber minha afilhadinha, a filha de meu compadre e querido amigo Chico Buarque e nessa ocasião, um dia, em casa de Chico, o tema veio, as palavras saíram, eu chamei meu compadre, a gente juntou as cabeças e a canção saiu.

A nova letra logo encontrou seu sucesso na voz de Marcia, e chegou até a tocar em novela da globo, o que alavancou ainda mais o sucesso.

Uma curiosidade é que a única participação de Chico Buarque na composição da letra foi a adição dos versos “Pela varanda, flores tristes e baldias, como a alegria que não tem onde encostar”. Contribuição essa que só ocorreu devido a insistência de Vinicius, que tinha inveja de Tom Jobin.

E quem nunca sentiu isso que a música transmite? Ao passar por aquele lado mais simples de sua cidade e ver pessoas sentadas na calçada, só olhando pra rua. CResultado de imagem para Vinicius de moraesasas desajeitadas e simples, com habitantes velhos e cansados. É impossível não se sentir como Vinicius e se sentir sufocado pelo tema central dessa obra, a simplicidade.
Não a simplicidade romantizada ou divina, mas uma simplicidade involuntária que é também invencível. Por isso mesmo sentimos a vontade de ajudar essas pessoas, mas sabemos que isso está além de nosso alcance. E ai só nos resta lamentar.

Essa música já foi gravada por vários artistas diferentes, mas vou deixar o link para minha versão favorita, a do Quarteto em Cy. Elas cantaram de forma mais acelerada, o que impede aquelas pausas eternas presentes em outras gravações.

Letra:

Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com quem contar
São casas simples com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda, flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio peço a Deus por minha gente
Que é gente humilde, que vontade de chorar

3. Casinha branca

Essa é outra que foi regravada diversas vezes. Composta pela dupla Gilson e Joran e lançada em 1979, Casinha Branca é uma música que ia contra a maré da sua época. Pois ao contrário da rebeldia e da revolução presente nas outras músicas desse inicio do fim da ditadura, ela fala de tranquilidade e insatisfação com a própria vida ao invés do sistema político ou coisas do tipo.

Casinha branca fala do sonho comum da vida mansa… Plantar e colher o próprio alimento, Imagem relacionadadescansar a cabeça, obter uma paz de espírito, ver o sol nascer… Todas essas coisas são desejadas por nós naqueles momentos que o cansaço bate forte. E ai nos desprendemos da vida corrida da cidade e imaginamos a serenidade do campo.

Sendo praticamente uma mistura de Alberto Caeiro e Alváro de Campos, Casinha branca é uma música muito fácil para se identificar, o que faz com que ela seja regravada por diversos artistas, de diversos estilos, até hoje.

Recomendo esses textos incríveis sobre a música: A sabedoria por trás da música Casinha Branca, Sobre casinhas brancas e um pouco de sossego, Casinha branca: A música que une diversos estilos da música brasileira.

Letra:

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo à minha frente
Nada que me dê prazer

Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

Às vezes saio a caminhar pela cidade
À procura de amizades
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando
Em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

 

2. Fotografia 3×4

Lançada no álbum Alucinação de Belchior em 1976, essa música conta a história dResultado de imagem para Belchiore como ele, após ter feito uma viagem exaustiva para a São Paulo para tentar obter uma vida melhor, é recebido pelo estado super industrializado. Belchior relata a desconfiança que despertava nos guardas do local, momentos em que morou na rua e o amor que deixou para trás. Sem falar na diferença de pensamento entre ele e os paulistanos, e como ele começou a ser alterado pelo ambiente com o passar do tempo.

Nessa música, rola até uma indireta ao Caetano Veloso, veja por você mesmo:

Alegria, Alegria” de Caetano Veloso

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Fotografia 3×4” de Belchior

Esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem
Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do Norte e vai viver na rua

E o mais genial é o duplo sentido que a palavra Veloso tem, pois pode tanto se referir ao próprio cantor quanto a um sol veloso (que possui tom de funeral) .

A letra é crítica, cínica, melancólica e, sobretudo, realista. Tão realista que corta a nossa cara sem vergonha.
Para você, jovem que desceu do norte e que no sul morou na rua, Belchior tem um recado: eu sou como você.

Letra:

Eu me lembro muito bem do dia que eu cheguei
Jovem que desce do Norte pra cidade grande
Os pés cansados e feridos de andar légua tirana
De lágrimas nos olhos de ler o Pessoa
E de ver o verde da cana

Em cada esquina que eu passava um guarda me parava
Pedia os meus documentos e depois sorria
Examinando o 3×4 da fotografia
E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha

Pois o que pesa no Norte, pela lei da gravidade
Disso Newton já sabia: cai no Sul, grande cidade
São Paulo violento, corre o Rio que me engana
Copacabana, Zona Norte e os cabarés da Lapa onde eu morei

Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar
Que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar
Mas a mulher, a mulher que eu amei
Não pôde me seguir não

Esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem
Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do Norte e vai viver na rua
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia
E pela dor eu descobri o poder da alegria
E a certeza de que tenho coisas novas
Coisas novas pra dizer

A minha história é talvez
É talvez igual a tua, jovem que desceu do Norte
Que no sul viveu na rua
E ficou desnorteado, como é comum no seu tempo
E que ficou desapontado, como é comum no seu tempo
E que ficou apaixonado e violento como eu como você

A minha história é talvez
É talvez igual a tua, jovem que desceu do Norte
Que no sul viveu na rua
E que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo
E que ficou desapontado, como é comum no seu tempo
E que ficou apaixonado e violento como eu como você

Eu sou como você
Eu sou como você
Eu sou como você que me ouve agora
Eu, eu sou como você
Eu sou como você
Eu sou como você
Eu sou como você
Eu sou como você
Eu sou como você

Menções honrosas:

Essas músicas não são necessariamente tristes, mas passam uma certa melancolia.

Romaria

Criada por Renato Teixeira em 1977. Já foi regravada incontáveis vezes, por isso mesmo é tão famosa. Sua letra sofrida é linda e bem trabalhada, vale a pena ouvir.
A minha versão favorita é do Nilo Amaro e o coral Cantores de Ébano (da onde saiu Noriel Vilela, que prestígio ein!).

Essas vidas da gente

Lançado em 2013 no álbum Insular, essa música passa uma mensagem muito melancólica sobre as vidas. Isso, no plural.

“Prenda minha,
São tantas e tão diferentes
Essas vidas da gente
Centenas sem igual

Prenda minha,
Tantas mais insuficientes
Essa vidas da gente
Centelhas pelo ar”

É perigoso se apegar tanto a uma letra do Humberto Gessinger considerando o histórico de “letras de músicas que parecem geniais e super profundas mas eu escrevi em 30min tentando rimar as coisas que vinham na minha cabeça”. Insular, no entanto, é um caso à parte… Falaremos MUITO mais sobre esse álbum no futuro.

1º Clarisse

Sim… Numa lista com Vinícius de Moraes, Belchior e Zé Ramalho, o primeiro lugar vai para Legião Urbana… Olha, eu sei que é difícil engolir essa, então vou te dar um tempo. Se quiser fechar o post, fique a vontade…

 

Está melhor? Bem, vamos lá.

Clarisse foi lançada em 1997, no último álbum de estúdio da Legião Urbana. Renato Russo já tinha morrido e as gravações com sua voz foram feitas na pressa, pois a AIDS já estava afetando seu corpo.
E essa música é extremamente triste. Sim, é isto. A letra, a melodia, a atuação de Renato contribuem para te deixar muito borocoxô e repensar a nossa sociedade (nós vivemos em uma sociedade) e as injustiças que ela comete.

Infelizmente existem pessoas que se cortam (cortam os pulsos) pra poder chamar atenção e, mais infelizmente ainda, existem pessoas que não fazem isso pra chamar atenção, mas sim por uma grande depressão, ódio de si mesmo ou qualquer outro motivo trágico (lembrando que o próprio Renato Russo já cortou seus pulsos diversas vezes, o que levou à contratação de Renato Rocha para tocar o baixo na banda).

É, eu sei que isso é muito garota depressiva do tumblr, mas vamos seguir com o comboio.

E nada pode ser tão triste quanto sofrer de uma dor que para os outros é invisível, que os outros não entendem.
Alguns adolescentes experimentam uma vida muito próxima da morte, que não necessariamente é causada por um fator externo.
Ainda há a dor do medo, a simples incerteza de não saber se você vai chegar em casa bem. E aquela dor que as mulheres sentem mais ainda, ser assediada e não poder ser socorrida.

Com uma letra que fala de tudo isso, Clarisse conta a história de uma garota que é depressiva, não possui força de vontade (pois a mesma já foi esmagada pelo mundo) e é assediada no caminho de ida e volta da escola por homens “que se esfregam nojentos”.
No final da música, o pior: Clarisse só tem 14 anos.

As outras músicas eram melancólicas e realistas, mas essa chega a ser depressiva. A letra utiliza uma personagem fictícia para representar milhares de pessoas que sofrem silenciosamente, que não possuem esperança ou sequer tem vontade de melhorar. Mas a culpa não é deles, a culpa é nossa, por ter falhado como sociedade.

letra:

Estou cansado de ser vilipendiado
Incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber

Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe
Não se move, não trabalha

E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada num canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força

Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém me entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom samaritano
Cumprindo o seu dever como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente ou inexistente

Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende

E quando os antidepressivos
E os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem

De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar pra casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto

A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço

Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo resistir
E vou voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem 14 anos


 

Bom, está ai. A lista de músicas brasileiras mais tristes. Espero que tenham gostado e se estiver precisando de ajuda, por favor, ligue para o 141 (Centro de Valorização da Vida). Você vale a pena.

 

 

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