Capas de álbum, seus estilos e propósitos

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Todo mundo ouve música, e todo mundo que ouve música esta familiarizado com o conceito de capa de álbum: ela está ali pra te atrair e, se possível, te apresentar o clima ou temática do álbum.
Elas evoluíram muito com o passar do tempo, de simples fotos com os integrantes da banda, bem lá no início, onde as pessoas não tinham muita oportunidade de ver eles, para pinturas, colagens, montagens e até imagens disruptivas/polêmicas.

O trocadilho do nome é melhor que a capa, pra falar a verdade

Aqui, vamos falar de quais capas se sobressaem. Aquelas capas que você tem vontade emoldurar e colocar como um quadro na sua casa, ou que você acha que foram importantes para algo ou alguém. Vamos falar de capas de álbum.

[Esse vai ser um texto com muitas imagens, prepare sua internet]

Algumas capas são só bonitas, e está tudo bem com isso. Claro, beleza é subjetiva, mas essas capas conseguem agradar uma boa parte das pessoas.


Uma capa bonita ou diferenciada muitas vezes já é suficiente pra atrair a atenção de uma pessoa, foi assim que conheci a banda The Mountain Goats.

Mas o que faz uma capa ser considerada bonita? Bom, como dito anteriormente, essa resposta pode variar de pessoa pra pessoa. Algumas estarão satisfeitas com uma simples foto da banda, outros preferem ilustrações complexas e detalhadas.

Lembra que eu falei de pinturas? Bom, é mais ou menos isso que encontramos na capa do álbum Melodrama, da Lorde (é, tem um do Belchior com o mesmo nome, mas não consegui pensar em nenhuma coisa legal pra dizer quanto à isso).

Ela mescla uma fotografia com estilos de pintura, dando muita atenção às cores.
Eu não sei se dá pra afirmar que o estilo de capa varia com o gênero, apesar de que Angra realmente não é um bom exemplo. Observe a capa de Secret Garden (não é aquele livro de colorir):

Repare que existe um “excesso” de detalhes, é cheio de pequenas coisas precisas, mas também é um desenho épico, que transmite emoções. Tudo isso reflete o estilo da banda.
Claro que a capa também pode ser um desenho simples, como é caso do álbum Divide do Ed Sheeran:

Mas nem tudo precisa ser desenho ou possuir montagens exuberantes, uma simples foto pode ser suficiente pra compor uma capa bonita ou atrativa. Quer um exemplo? U2 – War é o nome do seu exemplo.

E as fotos não param por ai. Existe uma grande quantidade de pessoas que pensam “Se eu sou uma pessoa bonita… Por que uma foto minha não seria uma capa de álbum bonita?”, o pior é que elas estão certas, porque, aparentemente, esse foi o caso de France Gall e da dupla brasileira Anavitoria. Não só elas colocaram uma foto delas na foto do álbum como colocaram o nome delas na foto do álbum, ou seja: o álbum é 100% delas.

Por último, vou deixar aqui dois álbuns que utilizaram a fotocolagem para composição da capa, e o resultado ficou bem legal:

Agora vamos mudar um pouco de assunto! Muitos artistas buscam passar uma mensagem através da capa. Pode ser sobre o estilo do álbum ou até algo que não tenha nada a ver com as músicas ali contidas.

Observe o mais novo álbum de Steve Perry, Traces:

Olhou bem? É cheia de mensagens subliminares. A espiral no topo, por exemplo, remete a uma viagem ao passado (afinal de contas, se último lançamento solo foi uma coletânea em 2009), enquanto os instrumentos quebrados representam o fim da banda (Journey? Alien Project?). Há diversas coisas a mais, como a ponte de São Francisco no fundo, a imagem de uma mulher partindo, uma cobra numa garrafa, um microfone pegando fogo, etc…
Nem todo mundo é fã de capas exuberantes, cheias de elementos e cores. Mas este álbum, além de conter ótimas músicas como No More Cryin’, é um prato cheio pra qualquer fã de simbolismo.

Pink Floyd entra no mesmo trem com a famosa capa de Wish You Were Here.

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Duas das músicas do álbum são voltadas à indústria da música. Nada melhor pra representar isso do que essa foto… Né?

Bom, nem todo simbolismo precisa ser arbitrário. Apesar de que as pessoas possam argumentar que qualquer coisa possa ser vista por múltiplas perspectivas, algumas capas são feitas justamente para serem analisadas por esses diversos pontos de vista. Elas não possuem nenhum significado concreto, é tudo subjetivo e, ao mesmo tempo, conciso.

Esse é o caso do álbum Absolutium, da banda inglesa Muse.

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Além de ser uma capa com um conceito meio abstrato, já não dá pra saber o que está acontecendo, ela possui algumas variações. É possível encontrar por ai uma criança no lugar do homem, e isso fomenta muito a variedade de interpretações e teorias.

As vezes, um álbum não deve ser analisado, mas sentido. Por isso uma certa atmosfera já é criada logo na capa, e ela já representa o que o álbum vai ser. Podemos citar diversos exemplos aqui, como Made in Heaven, do Queen.

É simplesmente uma montagem daquela pose icônica do Freddie num lugar de aparência fria e tranquila. É importante salientar que o vocalista da banda já tinha morrido quando o álbum foi lançado, sendo que ele tinha gravado os vocais para que as músicas ficassem prontas mesmo que ele morresse durante a produção.
Como é possível perceber, as cores desempenham um papel muito importante aqui. Azul, preto, cores frias que te acalmam e, no caso, transmitem um sentimento de serenidade.
Eu adoro o jeito que o título do álbum foi colocado na capa, é um carimbo escrito “Made in heaven”, como se realmente fosse algo produzido no Paraíso e exportado pra cá (novamente, paraíso, vocalista morto… Essa banda é genial).

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Outro álbum com capa muito bem construida, e esse ganha pontos extras por não ter nenhuma palavra! Acho incrível como é possível absorver a atmosfera de músicas como Sweet Creature, Ever Since New York, Two ghosts, Meet me in the highway e From the Dinning Table (carai, citei quase todas) só pela foto que possui até poucos elementos. Genial.

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Apesar de serem geralmente medonhas, as capas mais recentes de Johnny Cash interpretam bem a alma e o propósito do álbum: são só umas gravações mesmo.

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Engraçado como essa capa envelheceu bem. Hoje ela evoca um sentimento de anos 80/90, o que é bem fiel às suas músicas e os sintetizadores ocasionais. Se você ficou surpreso que os Engenheiros do Hawaii apareceram num post sobre boas capas, não se preocupe, eles nunca vão aparecer num post sobre bons clipes.

 Conclusão: capas de álbum são muito mais do que um espaço pra colocar qualquer imagem ou foto, ou pode ser isso também se você quiser. O fato de não termos regras ou limites gera uma liberdade muito grande, seja para colocar simplesmente uma foto ou um desenho complexo e cheio de significados. No final, tudo que uma capa tem que fazer é: chamar a atenção das pessoas.


Engraçado como esse post veio à tona. No começo eu pensei em fazer uma lista de 10 piores capas de álbum, mas ouvi no Rebobinando que sempre damos mais atenção àquelas coisas que odiamos, e entendi no Troca o disco o quão fútil e superficiais essas listinhas são. Então pensei “caramba, por que não fazer algo mais profundo e benéfico para as pessoas?”. Ai está uma coleção de analises de capas de álbum, espero que te ajude a entender melhor as capas que você venha a observar no futuro e aquelas que você já ama.

 Gostaria de agradecer MUITO à galera que me ajudou a fazer esse post, sugerindo álbuns e escrevendo interpretações que serviram como base!
Meus mais sinceros agradecimentos para:

Danrley (o Sooretama), pela recomendação de U2 – warAnavitória – AnavitóriaFrance Gall – France Gall e Oberhofer – Time Capsules II além da interpretação de Muse – Absolutium e Johnny Cash – American Records

• Lívia Miguel, pela recomendação de Lorde – Melodrama

Bruno Soares, pela recomendação e interpretação de Steve Perry – Traces

Aleksander Kieski, pela recomendação de Angra – Secret Garden e Engenheiros do Hawaii – O Papa é Pop

Letícia BS, por recomendar o álbum Divide de Ed Sheeran

Ah, se você leu tudo, talvez possa gostar de ler esses posts também:

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Holy Land – Um álbum “glorioso”

O que escondem os Guardas da fronteira?

Espero que você tenha gostado do que leu. Se puder compartilhar com os amigos ou comentar alguma capa de álbum que você acha que merecesse ser citada, ficaremos muito gratos. Até a próxima!

 

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