Todo mundo conhece o tal papo da sociedade de consumo, aquela conversa de que vivemos de exageros e da necessidade constante de prazer. Pois é, acho que foi dai que surgiu a nossa cultura de querer estar sempre na melhor situação possível, sempre aproveitando a vida, como todos os milionários fazem por ai.
Tristeza? Não, obrigado. Estou muito ocupado andando de Iate e tomando meu Whisky (ou imaginando que faço isso enquanto sento na janela de um ônibus lotado).
Uma coisa perceptível hoje em dia, e que talvez sempre tenha existido, é justamente a nossa vontade de querer que tudo esteja sempre a mil maravilhas. O problema é que, surpresa! Nem sempre isso é possível. Aliás, na maior parte do tempo vai ter algo de errado na sua vida, e talvez até seja mais de “alguma coisa” de errado.
Mas isso não é aceitável. Como o mundo pode te fazer sofrer, depois de todo trabalho que você tem todos os dias? (Alias, todo mundo se vê como alguém que faz muito esforço, seja físico, de raciocínio ou psicológico). É inadmissível que o sinal fique vermelho logo quando você chega na frente dele, repugnante que a pia tenha entupido e abominável que tenha começado a chover logo naquele dia que você esqueceu a sombrinha em casa, é inacreditável que o salgado que você estava morrendo de vontade de comer tenha acabo e, meu deus, não podemos deixar de falar de quando esquecemos de colocar o celular pra carregar! Ah, as pequenas torturas da semana-a-semana!
Acho que já deu pra reparar o que isso quero dizer, principalmente com os exemplos lá em cima.
Não adianta ficar puto porquê você esqueceu os fones de ouvido em casa. Claro, não estou falando pra você virar um robô sem emoções. O que estou dizendo é: depois que aquela raiva inicial passar, concentre sua energia em procurar novos jeitos de passar o tempo (que é o que seus fones te ajudariam a fazer), ao invés de ficar pensando “puxa vida, que merda”.
Isso também inclui as coisas que já aconteceram. Se você não for um viajante do tempo, não adianta ficar puto com o passado. Tudo o que você pode fazer é planejar o que fazer para compensar essas falhas.
Além do mais, entender que os momentos tristes da vida são tão importantes quanto os bons é talvez a maior lição estoica e a mais vital para nós. A vida não é feita só de prazeres e é preciso perceber que viver apenas deles é impossível. Claro que a gente não deve sair por ai procurando motivos para sofrer, o importante é, na presença de uma infelicidade, contemplar sua importância e os sentimentos que ela causa, talvez até aproveitando para refletir e meditar um pouco. Vai, a sensação de melancolia quando ela chega do nada é até gostosa. Coloca aquele álbum meio triste pra combinar e fechou.
Ao invés de tentar sair desses momentos ruins o mais rápido possível, estude os sentimentos que você tem na hora e como você lida com eles, isso pode acabar te ajudando a controlar mais suas emoções (o que sempre é útil, pergunte para quem já teve alguma crise).
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