[Extra] O agir comunicativo de Jürgen Habermas

Compartilhar:

Autor

Créditos: Revista Cult (recomendo a leitura, inclusive) (Foto Európai Bizottság/Dudás Szabolcs)
Humanidade é a audácia que nos resta no final de tudo, após termos entendido que o único meio que temos para opor as ameaças decorrentes de uma fragilidade universal é a comunicação, um meio frágil e repleto de riscos
Jürgen Habermas

 O texto a seguir foi escrito por mim para um seminário de filosofia sobre o agir comunicativo de Jürgen Habermas. As fontes se encontram no final do texto… Aproveite.

Da origem

Jürgen Habermas, filósofo membro da 2º geração de Frankfurt, nasceu na Alemanha em 1929. Ainda em seu país de origem, cursou filosofia e trabalhou como assistente de Theodor Adorno. Ele foi professor em diversas instituições de ensino e coleciona gratificações pelo mundo acadêmico.

Idéias e pensamentos

 Sua filosofia tem como base a comunicação, tema utilizado para estabelecer conceitos como a racionalidade comunicativa.

 Com a frase “O agir comunicativo fundamenta-se na força sem violência do discurso argumentativo”, Jürgen sintetiza bem o seu pensamento: é necessário estabelecer diálogos sem relações de dominação, que exponham sentimentos, desejos e outros aspectos inversos ao agir instrumental, um “diálogo industrial” obcecado pela produtividade e objetivos específicos.

 Essa comunicação de igual para igual, seria, na visão de Habermas, essencial para a sociedade. Uma vez que somente através de um consenso atingido pelos membros participantes desse diálogo é possível chegar a valores éticos justos.

 Como exemplo, uma sociedade composta de diversas etnias e culturas diferentes não deveria ter valores impostos a partir do que é visto como objetivamente correto ou produtivo, mas sim através de um diálogo constante entre diversas partes da sociedade. Assim, fica clara a necessidade de integrar os membros dessa comunidade, sejam eles brancos ou negros, mulheres ou homens, pobres ou ricos. Aí entra a questão política do discurso de Habermas: como a desigualdade social e os preconceitos afetam a sociedade? Há um diálogo entre essas partes opostas? Se há, ele é feito sem violência e sem a dominância de uma parte sobre a outra? São perguntas que permeiam a história da humanidade e servem como norte para analisar o que é justo e o que é imposto.

 Porém, não é porque ele se opõe ao positivismo que sua teoria rivaliza com a razão. Para Habermas, a razão vai além do valor instrumental e se ancora na comunicação, pois ela é fundamental para que ambas as partes entendam o que está sendo debatido.

 O filósofo une o pensamento frankfurtiano à razão para explicar o que vivemos: todos compartilham de um mundo objetivo (domínio da razão), um mundo subjetivo (mais introspectivo e baseado no pensamento frankfurtiano) e o mundo social (fundamentado na comunicação entre as pessoas). Dessas três matrizes vem a sua ação comunicativa, que atua nas três.

Obra

 Um aspecto interessante das obras de Jürgen Habermas é como ele evita a fundamentação sistemática de seus pensamentos. Ao invés de deixar suas idéias claras em poucas obras, o autor opta por difundir suas dissertações entre ensaios, entrevistas, livros, etc.. O que dificulta um pouco o estudo de seu pensamento.

  Habermas se propôs a estudar a sociedade através de uma lente que racionaliza os contextos sociais e influências culturais, utilizando a imagem para objetificar o objeto de estudo e chegar a uma conclusão para suas questões. No entanto, é preciso ressaltar que o conceito de “razão” para ele é muito amplo e por isso pode exercer essa função complexa de analisar as relações humanas.

Conclusão

 Jürgen Habermas é, sem dúvida, um filósofo singular. Ao decidir estudar como funciona a comunicação e qual o papel dela nas relações humanas, o acadêmico se destrincha sobre a tarefa de entender aquilo que nos faz humanos e, sobretudo, seres racionais. Estudar as sociedades através da comunicação é como estudar o planeta terra através de seus átomos. É uma tarefa árdua, mas com ótimos resultados.

 Talvez daí venha a sua percepção de que a comunicação pode ser entendida através da racionalização dos fatores que lhe afetam e lhe dão origem. Os contextos sociais e a história da humanidade são o berço para os indivíduos que, ao dialogarem entre si, geram a base de qualquer sistema de poder.

 Diante do cenário atual, onde minorias procuram se estabelecer e reivindicar seus direitos, Habermas se destaca devido ao seu senso de ética: para ele, a comunicação sem violência e sem exercício de dominância é a única chave para uma sociedade justa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SIEBENEICHLER, Flavio Beno. Jürgen Habermas: Uma Teoria Da Comunicação Humana. Logeion: Filosofia da Informação, [S.l.], v. 5, p. 8-26, nov. 2018. ISSN 2358-7806. Disponível em: <http://revista.ibict.br/fiinf/article/view/4497/3827>. Acesso em: 01 dec. 2019. doi:https://doi.org/10.21728/logeion.2018v5n0.p8-26.

Jürgen Habermas Guia do estudante, 2017. Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/especiais/jurgen-habermas/>. Acesso em 01 dec. 2019.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados