O que tem tornado as lives de sertanejo interessantes?

Compartilhar:

Autor

Uma coisa que tem sido tão impressionante quando a pandemia do Sars-cov-2 é a epidemia de lives que tem rolado pelos artistas de todo o Brasil. Através do youtube, ou mesmo do Instagram, são realizados shows que buscam trazer um pouco de alegria para pessoas que estão enfurnadas em casa. A variedade de artistas que adotaram essa prática estás crescendo exponencialmente, e vai de grandes nomes, como Alemão do Forró, até bandas que ainda tem muito pela frente, como Jorge e Matheus.

 Com tantas opçõe, fica difícil não fazer uma comparação entre cada uma delas. Não me leve a mal, não estou querendo criticar pessoas que estão fazendo a caridade de se apresentar de graça. Esse texto é apenas uma análise dos fatores que nos atraem nessas lives.

 Esse lance de se apresentar de graça é meio estranho já que tá rolando muita propaganda e patrocínio nessas lives, mas isso não necessariamente é algo ruim por parte dos artistas, uma vez que essa pode ser uma forma de recuperar o dinheiro que estão perdendo por não poderem fazer shows. O real problema que as propagandas trazem é que ela pode exigir um nível maior de produção, o que traz mais pessoas para trabalhar e, consequentemente, prejudica o isolamento social.
 A Marília Mendonça surpreendeu ao fazer uma live com pouquíssimos pessoas (não tinha nem garçon! rs) e ainda sim conseguiu fazer a propaganda com qualidade. Aprendam!

 Enquanto assistia esses shows, reparei alguns aspectos nos artistas, na recepção do público e na apresentação como um todo. Vamos dar uma olhada?

Produção

 Na maior parte do tempo aqui eu vou falar de fatores que variam e levam o interesse da plateia com eles. Esse não é um deles.
 A qualidade da produção influencia mais o interesse do público como se fosse uma onda quadrada: à partir de certo ponto, está ótimo e antes dele, tá ruim. Não tem muita sutileza. Dá pra ouvir bem os instrumentos? Dá pra ouvir quem tá cantando? A live tá rolando solta? Se respondeu sim para tudo, tá perfeito.
 Nesse sentido, podemos dizer que o aspecto da produção age como um filtro. Se não passar por ele, a live está fadada a não ter muita audiência.

Carisma

Futebol sem bola, Piupiu sem Frajola, sou eu assim sem você… E assim é um artista sem carisma! Conseguir se comunicar com o público e manter uma atração continua é essencial para pessoas que se apresentam em palcos, e essa necessidade não diminui nas lives.
 O maior exemplo que temos é a live do Bruno e Marrone. Além de contarem com um leque de músicas clássicas, a dupla sertaneja entreteve a plateia e fez todo mundo rir com histórias, declarações e reações espontâneas. Eles superaram, e MUITO, a live do Jorge e Mateus, que não tem tanta química entre si e tinham como única carta na manga o seu repertório.
 De fato, o distanciamento social nos tira aquelas sociais, o churrasco com amigos e/ou almoços com a família. Tudo isso dá muita saudade. Então quando vemos duas pessoas cantando, se divertindo e rindo muito, e óbvio que somos atingidos em cheio. O carisma dos artistas, agora visto apenas de longe, é mais essencial do que nunca.

Repertório

Todo mundo tem seus clássicos. E quando falamos de artistas como Marília Mendonça, Bruno e Marrone, Jorge e Matheus… Sucessos não faltam para serem pedidos pelos fãs. O problema é quando um artista tem como única arma seu repertório.
Ter músicas ótimas e autorais com certeza te dá uma vantagem, e claro que ouvir a banda que “concebeu” a música tocar ela tem um toque especial, mas… É preciso lembrar que qualquer pessoa pode tocar qualquer música. Isso nos traz duas coisas interessantes:

 1. Qualquer artista pode tocar suas músicas
 2. Você pode tocar qualquer música de qualquer artista

Sobre o primeiro eu já falei. Não adianta você ter só uma lista de músicas autorais sendo que qualquer um pode tocar elas. Agora, sobre o segundo… É interessante ver como os artistas usam para favorecer eles.

 Marcos e Belutti formam uma dupla de sertanejo recente e que tem um repertório ainda pequeno (e se a gente for contar músicas como “Domingo de Manhã” e “Romântico Anônimo”, dá pra encurtar ainda mais…). No entanto, a live deles (que rolou no dia 10/04/20) não ficou devendo em nada justamente porque eles souberam complementar a lista de músicas muito bem. Juntos, cantaram suas músicas autorais e sucessos como Boate Azul, It’s My Life, Faz Um Milagre em Mim e I Don’t Wanna Miss a Thing. A variedade surpreendeu a aproximou pessoas que não eram tão fãs dos trabalhos da banda. É preciso reconhecer que eles deram tudo de si para honrar essas músicas, foi um verdadeiro espetáculo.

Conclusão

 Ainda temos muuuuuitas lives pela frente, de vários artistas e gêneros diferentes. Para isso, pelo menos, o futuro é promissor. Só espero que os artistas consigam aprender em cima dos outros e melhorar ainda mais suas apresentações. Também é interessante observar tudo isso como um artista pequeno: o que podemos aprender a partir desses fatores e os desempenhos dos artistas? Fica a pergunta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posts Relacionados