“São tempos sombrios não há como negar”, essa frase é de Harry Potter eu sei, mas apesar de estarmos falando de O Senhor dos Anéis, ela se encaixa bem com a situação atual do mundo. Pois é, estamos vivendo uma pandemia. E uma coisa da qual todo mundo está pensando, se perguntando e perguntando para especialistas é: Quando isso vai acabar?
Apesar de queremos que acaba o quanto antes, os estudos mais recentes infelizmente não são tão otimistas. Temos um caminho ainda longo e bastante difícil.
Para passar a quarentena acabei reassistindo (não faço ideia pela vez seja) O Senhor dos Anéis O Retorno do Rei.
Mesmo já tendo assistido incontáveis vezes, dessa vez o filme me passou uma sensação diferente, acabei notando algo que antes passava despercebido. A sensação de tensão que o filme carrega, como o Gandalf diz em um momento do filme, é o “fôlego que se toma antes do mergulho”.
É uma mistura de ansiedade, tensão e preparação para o que virá. Os personagens do filme estão sob essa sensação, afinal a batalha final se aproxima, Sauron está mais forte do que os povos da Terra Média, ele é uma ameaça para todos e já fez muitas vítimas.
Acho que percebi essa sensação dessa vez porque o mundo passa por algo assim, claro que comparar Sauron com a Covid talvez seja uma baita forçação de barra, mas não dá pra negar que sentimos algo parecido. A apreensão sobre o que pode acontecer, a ameaça da doença que pode infectar e hospitalizar qualquer um, as vidas que já foram perdidas, e a sensação de que talvez o pior ainda não tenha chegado.
Outra coisa que me fez criar paralelos entre o filme e a atualidade foi o personagem Denethor, regente do reino de Gondor e governante da cidade de Minas Tirith. Para aqueles que não conhecem tanto do filme e da história, Minas Tirith é uma cidade que fica literalmente em frente ao inimigo, no passado da história dos filmes, duas cidades foram construidas exatamente em frente uma para a outra, Minas Tirith e Minas Morgul.
Minas Morgul foi construida tão perto de Mordor para servir de proteção e vigia contra as forças remanescentes de Sauron, mas quando ele voltou, tomou a cidade para si e a fez de base para seus maiores servos.
Por isso, durante os acontecimentos de O Retorno do Rei Minas Tirith possui um foco tão grande. Como dito antes, a cidade consegue literalmente ver o inimigo.
Agora esse é ponto, Denethor conseguia ver a movimentação do inimigo, da ameaça, e mesmo assim não se preparou, não fez nada se não esperar e pagar para ver.
Cena em que os exércitos de Minas Morgul começam a marchar contra Minas Tirith |
Agora, conseguem notar alguma semelhança com a realidade?
Os governantes viam a ameaça da Covid se aproximar e mesmo assim não se preparam, pelo menos não o bastante, se isso tivesse sido levado a sério lá no começo quando ainda víamos a ameaça na China, talvez o estrago em países como Itália, Espanha e EUA não fossem tão grande. O mesmo serve para o Brasil, tivemos os exemplos dos países citados acima, estávamos literalmente vendo o que ia acontecer, e ainda tem pessoas que duvidam e fazem chacota da situação.
Outra coisa que serve de exemplo para isso é uma cena de Monty Python:
Depois dessa comparação de lideres mundiais e Denethor, vamos ao título desse texto.
O fim da pandemia é algo que ainda se discute muito, e como dito antes, não temos previsões otimistas para isso. Mas vamos fazer o seguinte:
Imaginar que irá acabar logo.
E depois?
O que acontece depois que acabar tudo isso? Voltaremos a vida “normal”? Ao que era antes?
Apesar de usarmos essa palavra “normal”, é mais do que provável que não será a mesma coisa, o mundo vai ser diferente, a vida vai ser diferente, afinal isso afetou literalmente todo mundo.
É nesse ponto que o Senhor dos Anéis pode ajudar com essas perguntas. Depois de atravessar a Terra Média, passar pelos mais incontáveis
perigos e situações de vida ou morte. Frodo e Sam conseguem destruir o Anel na Montanha da Perdição, e depois de 13 meses, estavam de volta em casa, de volta a “normalidade”.
É nessa cena que Frodo se pergunta “Como se recupera sua vida antiga?” “Como se continua, quando em seu coração, se começa a entender que não há volta?”.
E ele mesmo responde “Há certas coisas que o tempo não pode consertar.”
Eu acredito que é essa a repostas para o que vai acontecer depois, temos que admitir que não será a mesma coisa, para algumas pessoas existira a dor da perda de um ente querido, e isso é algo que o tempo não conserta. Por isso nesse ponto, acho que devíamos seguir o caminho do Sam depois que volta ao Condado. Ele não retorna a sua vida antiga, ele literalmente faz uma nova. Porque assim como Frodo, ele sabe que depois de tudo o que aconteceu, depois de tudo o que passaram, aquela vida antiga também passou.
Talvez esse texto tenha ficado mais “pesado”, é um assunto difícil de se falar, principalmente porque nos temos muita esperança de que a vida vá voltar e ser melhor. Mas para que seja melhor, não pode voltar.
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Adorei como foi feita a relação entre nossa atual realidade e os filmes do Senhor dos Anéis.. Eu assisti recentemente eles, e tive o mesmo sentimento de entender um pouco o que eles estavam passando, e principalmente essa última parte que eles falam que não tinham como voltar para o que eram antes..