Spartacus e a Masculinidade

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Machismo e masculinidade tóxica são assuntos muito debatidos nos dias de hoje, e devem ser.
Há muito tempo existe um estereótipo de como homens devem se comportar, de como devem agir, falar e expressar os sentimentos. Consequência dos dois fatores que iniciam esse texto, o que nos leva a ver que essas coisas afetam de maneira negativa os próprios homens que as praticam.
Agora você deve estar pensando como eu vou escrever sobre esse tema com base numa série de homens seminus (às vezes nus) sarados, lutando entre si. Bom vamos começar com a sinopse da série.

“Spartacus: Blood and Sand” conta a história de Spartacus (Andy Whitfield), o escravo de guerra romano que se tornou um gladiador e liderou a mais famosa revolução da Roma Antiga. Quando é separado de sua esposa e os dois são colocados a venda, Spartacus é jogado em uma Arena para a diversão da plebe, mas surpreende a todos quando vence as quatro batalhas. E ele não irá parar enquanto não reencontrar sua esposa.”
Apesar de não ser o foco da série, é interessante como podemos notar a dualidade na forma de agir dos homens, claro estamos falando de uma época onde o machismo era pior do que é hoje, mas dá para fazer paralelos. Os personagens masculinos constantemente procuram formas de mostrar a masculinidade, de mostrar que detém poder, sejam eles escravos ou senhores, mas em outros momentos mostram como na verdade isso é uma fachada, que não os representa realmente.
Em três personagens é mais visível essa dualidade: o protagonista, Spartacus, e outros dois gladiadores, Crixus e Barca.
Vamos começar pelo Barca, um dos melhores gladiadores, conhecido como “A Besta de Cartago” e que supostamente matou o próprio pai.
Dentro do Ludus (local onde os gladiadores vivem e treinam) Barca se impõe sobre seus companheiros, até mesmo usando de violência, exceto com aqueles que considera mais fortes que ele, como Crixus. Não é incomum ver ofensas aos outros, ou comparações com tamanho e força (principalmente com relação ao falo), mas em contrapartida, temos um outro Barca, um até mesmo sensível, quando está com seu companheiro e amante Pietros(Nota: Na Roma antiga não existia preconceito forte contra relações homoafetivas). Eles conversam sobre uma vida fora do Ludus, uma vida de liberdade, longe da violência.
Barca e Pietros
É interessante perceber como Barca é mais ele mesmo quando “sai” daquele contexto de violência, você nota pelas conversas com Pietros que Barca seria uma pessoa muito diferente, até mesmo bondosa.
Outro fator que evidência isso é que Barca e Pietros mantém pássaros de estimação, e cuidam muito bem deles, de forma carinhosa, o que vai totalmente contra ao o que Barca é nos treinos e dentro da Arena. Fala serio, você consegue imaginar alguém que tem a alcunha de “Besta de Cartago” fazendo carinho em um pássaro?
O segundo personagem em que podemos notar essas diferenças de como agir em um contexto e quem realmente é:
Crixus, o Gaulês invicto. Ele é o grande Campeão de Cápua, como o nome diz, invicto na Arena. Crixus foi o personagem que me fez notar a forma como a masculinidade é abordada na série, e que surgiu a ideia para esse texto. O Gaulês é um clássico “Macho Alfa”, ele age assim, mostrando sempre estar acima dos outros em força e habilidade de luta. Ele junto com Barca humilham os novos gladiadores. No começo você tem até raiva dele, porque o cara se acha.
 Mas o negócio é que ele não se acha, ele é. Crixus tem noção de sua posição dentro do Ludus, e os outros gladiadores o respeitam por suas vitórias na arena, por isso o colocam como uma espécie de “líder”. Para a maioria dos gladiadores o que mais importa é a honra da arena, por isso seguem Crixus e não se colocam contra suas atitudes. 
Mas assim como Barca, Crixus não é desse jeito realmente, é um papel que ele representa na frente dos outros gladiadores. Notamos a mudança em Crixus quando ele começa a tentar conquistar uma outra escrava do Ludus, Naevia.
Crixus e Naevia
Chega a ser engraçado ver aquele gladiador, que se assemelha aos valentões de escola nas atitudes com os “amigos”, sendo carinhoso e tentando se aproximar da Naevia. Ele deixa de lado todo aquela postura, até mesmo dá um jeito de comprar um presente para ela. O que é inimaginável para o “Crixus” que a gente é apresentado inicialmente. Ao longo dos episódios e conforme vai ficando mais próximo de Neavia, esse lado mais “sensível” de Crixus vai ficando mais evidente. Aquele Gladiador que sonhava somente com a glória da arena, com as vitórias, começa a pensar em uma vida diferente, distante da violência. Ao ponto de a vitória na arena só haver sentido se Neavia estiver lá para assistir.
Agora, Spartacus:
Como dito na sinopse, o plot da série é a separação de Spartacus de sua esposa e a busca dele por ela. Aqui o que acontece, comparado aos outros dois personagens, é justamente o contrário. Conhecemos Spartacus como ele é, e durante a série ele vai sendo moldado pelo ambiente, o Ludus. 
Não que o protagonista seja o exemplo de um homem não machista, como dito no começo do texto, a estória se passa na Roma Antiga. Mas é que o ambiente dos gladiadores força Spartacus a assumir aquele papel de demonstrar sempre o quão “homem” ele é. Então durante a série o que vemos é ele entrando em conflito com a pessoa que está se tornando para com a pessoa que era antes de se tornar um escravo e um gladiador. Quando lembra-se de sua esposa Spartacus muda totalmente o jeito de ser, assim como Crixus e Barca.
Spartacus e Sura
Eu imagino que você deve estar pensando que quero argumentar que os homens deixam de ser machistas quando estão “amando” ou então quando estão em um relacionamento, mas não é esse o ponto que quero demonstrar, afinal existem inúmeros infelizes casos onde o machismo predomina dentro dos relacionamentos. O ponto que quero chegar é: o machismo é algo que se é aprendido.
É ensinado aos homens desde crianças que não devem chorar, que devem ser fortes, arrogantes, que não podem ser sentimentais porque isso é “coisa de mulher” e inúmeras outras coisas ruins. Se não agirem assim, não serão homens. Mas afinal o que é ser homem? O que é ter masculinidade? 
E os exemplos que citei, apesar de serem relacionamentos amorosos, são na verdade exemplos de momentos e pessoas para quais os personagens se sentem seguros em mostrar esse lado não machista, pois sabem que não serão julgados, não vão dizer a eles que são menos homens por demonstrar fraqueza, por demonstrar sentimentos. Isso pode acontecer dentro de um relacionamento amoroso, mas também pode acontecer em uma amizade ou mesmo na família. E outra coisa que a série mostra é que essas tendências machistas acontecem em grupos de homens, porque não querem parecer menos homens perante o grupo.Isso acontece muito hoje em dia, nas escolas, no trabalho, no círculo de amizades.

É isto que noto que a série Spartacus, mesmo que não diretamente, mostra. Que o machismo é ensinado aos homens, e que ser homem está muito além de ser forte (físico e sentimentalmente falando), impiedoso, bruto, e até mesmo da genitália. Ser homem está muito além dos estereótipos que o machismos coloca.

Agora, repito a pergunta feita acima:

O que é ser homem para você? Se quiser deixe a resposta em um comentário aqui em baixo.

2 respostas

  1. Ser homem é a maturidade do menino, não é exatamente o contrário de ser mulher, algo que um menino já é, meninos e meninas são diferentes, mas ser humem é o oposto de menino, o menino é fraco, medroso, indeciso já o homem é forte, corajoso e tem atitude.

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