Estreou a terceira e última temporada de Dark, uma série alemã da Netflix, e devo dizer que é a melhor série original da plataforma, e com certeza a que possui o melhor final.
Dentre todas as coisa que a série aborda, as referências bíblicas eram as que mais me chamavam atenção. No começo achei que fossem somente citações, como por exemplo o número 33. Na série a princípio só se pode viajar 33 anos para o passado ou para o futuro, e se buscarmos na bíblia, o número 33 é bem simbólico, como por exemplo: Jesus foi crucificado aos 33 anos, o nome divino Elohim (Deus) aparece 33 vezes na história da criação nos capítulos iniciais do Gênesis, entre outras coisas. Mas conforme vamos assistindo aos episódios, percebemos que essas coisas fazem parte do enredo, do roteiro, e não são só referências, chegam a ser até mesmo spoilers da trama dentro da própria trama.
Esse texto é voltado principalmente para aqueles que assistiram à série, mas para aqueles que estão lendo por curiosidade, vou tentar dar um contexto.
Dark é uma série sobre viagem no tempo e seus paradoxos, e quando digo paradoxos, são aqueles de que você volta no tempo e acaba se tornando se próprio pai ou mãe. O que guia Dark, e o que faz com que exista a “série” é esse paradoxo que acaba criando toda uma árvore genealógica que se repete sempre.
Mas não é apenas isso, em Dark existem dois mundos, duas realidades, e tirando alguns detalhes, nesses dois mundos a árvore genealógica se repete e “inicia” no mesmo ponto, ou seja os mundos estão ligados por alguém.
Vamos começar com o simbolismo explícito que a série tem:
Adão e Eva
Caim e a “humanidade”
Em uma cena da terceira temporada a versão mais jovem de Infinito pega uma maçã e olha para ela, pode ser uma representação para o fruto do pecado, que expulsou Adão e Eva do paraíso, a maioria das vezes esse fruto é mostrado como uma maçã. Em outras interpretações o “fruto proibido” teria sido a relação sexual, entre Adão e Eva, que gerou filhos.
O Diabo Branco
Deus e a criação do(s) mundo(s)
A descoberta de Claudia foi a existência de um terceiro mundo, o mundo de origem.
Neste mundo o relojoeiro e também pesquisador H.G. Tannhaus sofreu uma perda, seu filho morreu em um acidente de carro junto com sua nora e neta.
Tannhaus não superou isso, ficou pensando em como poderia trazer eles de volta a vida, e por ter conhecimentos em física quântica, pensou que o único jeito de conseguir isso seria voltar no tempo e evitar o acidente. Ele passou anos trabalhando em uma máquina para conseguir isso, e quando a máquina finalmente estava pronta, ela permitia sim a viagem no tempo, mas também causou a divisão do mundo em dois, criando os mundos de Adão (Jonas) e Eva (Martha). Por isso, Tannhaus é a representação de Deus, ele foi quem criou os mundos que permitiram a existência da árvore genealógica, ele é o Criador. Acredito eu que até a aparência do personagem foi feita para indicar isso. Muitas vezes Deus é representado por um homem de cabelos e barba branca.
Mas agora um ponto divergente é que em Dark o Diabo leva a melhor, Claudia consegue destruir os mundos, ela explica sua descoberta para Adão que envia uma versão mais nova de si mesmo e da Eva, para o mundo de origem e eles conseguem evitar o acidente que causaria a morte do filho do Tannhaus, logo ele não sofreu e não tentou viajar no tempo e não criou os mundos, ou seja, o Diabo Branco conseguiu destruir os dois mundos.
Com certeza deve ter muito mais referências e símbolos durante a série, citei esses porque eles influenciam no roteiro. Se você encontrou mais algum, sinta-se a vontade para comentar aqui em baixo.
Um adendo final: A imagem ao lado foi mostrada na segunda temporada da série. Quando a personagem Elizabeth encontra um livro, ela fica olhando para essa imagem, e se pararmos para analisar, é um baita spoiler do final da série.
Do lado esquerdo temos um homem soprando para um mundo pela metade, esse seria o Adão controlando e manipulando as coisas em seu mundo para que tudo acontecesse como “sempre aconteceu”, e do lado esquerdo temos uma mulher soprando outro mundo pela metade, mas espelhado, essa seria a Eva, também controlando e manipulando para que as coisas nesse mundo acontecessem como “sempre aconteceram”.
E no meio temos o mundo de origem, o mundo que gerou os outros dois.