A realidade sufocante em Feels Like Summer

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Estamos passando por tempos difíceis. É eu sei que dá pra falar isso de qualquer época ou ano. Não importa o quão tenso as coisas estejam, nenhum ano é realmente fácil. A verdadeira questão é… Por que isso não nos é estranho? Quando aceitamos ficar estagnados? Por que a busca por um mundo melhor parece algo tão inalcançável?

You can feel it in the streets
On a day like this, the heat
It feel like summer

    Certamente 2018, ano do lançamento de Feels Like Summer, foi um ano difícil. Não apenas por coisas que aconteceram naquele ano, mas também por fatores que já nos acompanham há décadas. Já faz mais de 40 anos que o aquecimento global está batendo na nossa porta, lixo continua sendo despejado aos montes no meio ambiente e a violência cotidiana, incluindo aqui o racismo, machismo, lgbtqfobia e etc… parece não ter fim. Quando olhamos para o futuro, algo como uns 10 anos daqui pra frente, é fácil sonhar que o mundo estará melhor, que vamos ter tomado medidas concretas contra a destruição do meio ambiente e não existirá mais descriminação. Mas e quem já esperou 10 anos, talvez até mais tempo, e viu o mundo continuar o mesmo?

Oh, I know you know my pain
I’m hopin’ that this world will change
But it just seems the same

    É ai que entra Feels Like Summer, música de um pequeno álbum do Childish Gambino (segundo boatos, parente do Donald Glover). A letra é explícita ao falar de problemas ambientais e a frustração de ver uma humanidade tão estagnada. A música também aborda preocupações gerais com a sociedade e os males do capitalismo. E é bem fácil entender de onde vem toda essa preocupação. 

Seven billion souls that move around the Sun
Rolling faster, faster and not a chance to slow down
Slow down 

    Podemos olhar, por exemplo, para o Acordo de Paris. Uma reunião com diversas nações a fim de estabelecer metas para combater o aquecimento global. Ok, são mais promessas do que ações concretas, mas já é um bom começo, não é? Dá esperança ver algo sendo feito. Exceto que sempre existiram negacionistas do aquecimento global e pessoas que se importam mais com dinheiro do que com a vida. Não demorou para ver elas subindo ao poder e fazer nossos sistemas, que já nem eram tão efetivos, dar vários passos para trás. Em menos de 5 anos de acordo, os EUA saem do Acordo de Paris dizendo que as metas estabelecidas (pelo próprio governo estadunidense) sufocavam o crescimento do país.

Every day gets hotter than the one before
Running out of water, it’s about to go down
Go down  

    De forma semelhante, desde crianças ouvimos falar dos perigos do desmatamento e da importância de manter as vegetações nativas do mundo. Eis que chegamos no final da década com recorde de queimadas, transformado a Amazônia e o Pantanal, dentre outros biomas, em terra arrasada. Não dá nem pra dizer que é uma falha do governo porque é justamente a política deles. Não à toa Childish Gambino escreve o trecho mais carregado da música:

I really thought this world could change
But it seems like the same

    Pra falar a verdade, também rolou muita ingenuidade nossa. Pensar que as empresas que mais poluem realmente tomariam medidas para proteger o meio ambiente é sintomático, dado o nosso sistema. Já faz muito tempo que nos dizem como é importante a gente reciclar – quando na verdade o plástico “reciclado” é, em maior parte, queimado, enterrado ou simplesmente jogado num aterro em outro país. Jogar copos descartáveis na lixeira de coleta seletiva vermelha durante anos provavelmente não adiantou nada.
    Efeitos do capitalismo selvagem, talvez? O que importa é que não dá para continuar assim. Como Childish Gambino, seguimos na esperança que as coisas mudem.

 I know
Oh, my mind is still the same
I’m hopin’ that this world will change
But it just seems the same

 

 

 

 

 

 

 

 

    Ah é, não podemos nos dar ao luxo de só ter esperança. Gerações atuais já vão sentir os efeitos das mudanças climáticas, morte das abelhas e outros males da nossa sociedade industrial. Precisamos primeiro identificar o foco do problema e concentrar nossos esforços em combater ele. Quem sabe, assim, tenhamos um futuro que não seja um tempo (tão) difícil.

I know
Oh, I hope we change

 

ps: o clipe dessa música é lindo. Dê uma assistida se ainda não viu ele, pois gerou mais diálogo do que a letra. Não que isso seja ruim, eu só gostaria de ver mais gente comentando a letra

Os outros posts do blog não são tão pessimistas quanto esse. Talvez você se interesse nesses textos:

 
    Outro texto legal sobre a música e o clipe

    A letra pra quem quiser dar uma conferida.

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