Pauta do In-senso 10 – Se Meu Robô Tivesse Uma Banda

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In-senso 10 – A transcendência da música humana

(Esse era o título original, mais focado em esclarecer qual seria o tópico abordado e menos interessado em ser atrativo para o público)

Parte 1 – Contexto inicial: músicas criadas por Inteligências artificiais podem substituir as humanas?

O estado das IA’s atualmente

    As Inteligências artificiais não só são uma realidade bem estabelecida, como já se ramificam por diversos setores da realidade, inclusive na indústria da música. Esses robôs são utilizados para categorizar músicas, facilitar o processo criativo e criar playlists. Mas a utilização que mais tem causado discussões recentemente é a criação de músicas novas.

    De fato, já existem músicas disponíveis nos serviços de streaming que foram criadas por uma inteligência artificial. A música Hello Shadow, criada pela IA do grupo Skygge, já acumula mais de 200 mil visualizações no youtube. Já a AIVA é uma inteligência artificial que cria trilhas sonoras para os mais diversos fins e está disponível para o público geral.

    Com esses fatores, a pergunta “a música criada por máquinas pode tomar o lugar da música criada por humanos um dia?”. De acordo com Yuval Harari, autor do best-seller Sapiens, robôs poderão sim, um dia, criar músicas que se tornem hits. O escritor vai mais fundo ainda e diz que no futuro, ao invés de ouvirmos músicas específicas para sentir algo, poderemos confiar em uma IA para criar uma música que nos deixe mais alegres, por exemplo, com base em análises de nossos comportamentos e respostas aos mais diversos estímulos, como certas palavras ou notas. Segundo ele, a música criada por inteligências artificiais poderá facilmente substituir a música criada por humanos.

O diferencial da humanidade – a resposta de Nick Cave

    Em seu blog para tirar dúvidas, Nick Cave, prolífico músico australiano, explicou porque – na sua visão – as máquinas jamais poderão fazer música como a que humanos fazem. Nas palavras do mesmo, “o que uma ótima música faz é nos trazer uma sensação de temor”, “Quando ouvimos um som, não estamos apenas ouvindo música, estamos também ouvindo o limite da humanidade e nossa audácia de transcendê-lo”, “Nós estamos ouvindo Beethoven cômpor a nona sinfonia enquanto quase totalmente surdo […] Estamos ouvindo Nina Simone descontar sua raiva e frustração em uma canção carinhosa de amor […] Estamos ouvindo Jimi Hendrix ajoelhar e botar fogo em sua própria guitarra”. Ele segue explicando que a as melhores músicas não só transmitem sentimentos, como também histórias e sensações que vão além da música em si – e por isso uma Inteligência Artificial poderia sim criar uma boa música, mas nunca uma ótima.

Parte 2 – Elaboração

    A partir dessa fala do Nick Cave, podemos pensar em outras diversas coisas que tornam as músicas criadas por seres humanos em coisas únicas. Músicas não só servem para passar sentimentos e, além de muitas terem suas próprias histórias interessantes por si só, também foram utilizadas para representar momentos históricos e movimentos sociais. Sem falar no aspecto das tradições e socialização. Em seguida, discutiremos um pouco mais sobre esses assuntos.

A música como fator histórico e suas raízes

Música, cultura e tradições

    Não é segredo que desde o início da sua existência o ser humano tem um apego à música, vide diversos instrumentos encontrados em sítios arqueológicos que são da era das cavernas. Assim, ela não só foi usada para levar à diante a cultura de determinado povo como também se integrou à elas, criando diversos ritmos e gêneros. A música por tanto, é, sempre foi e sempre será atrelada à história da humanidade e as fases pela qual certo grupo passa. Não só por poder representar o status quo, mas também por apresentar a capacidade de romper ele.

Música como instrumento de mudança

Cultura negra e revolta (jazz, rap, etc…)

    O Jazz é um gênero musical com inspiração em diversas fontes, mas tem como fonte principal os ritmos africanos. Era a música de um povo reprimido e injustificado que queria ter sua diversão.

    De forma semelhante, o hip-hop e o rap surgiram e se espalharam nas comunidades negras de periferia como forma de conscientizar e alimentar a revolta contra um sistema opressivo.

O Punk e a política britânica

    O punk, além de gênero musical, é também um movimento social caracterizado pela rebeldia juvenil e revolta contra valores morais decadentes da sociedade. Ele surgiu nos EUA, mas encontrou seu lar na Inglaterra onde se alimentou da raiva contra a opressão de estadistas como Margaret Thatcher.

MPB e a ditadura

    É notável a importância da MPB durante o período da ditadura no Brasil. Diversos artistas aclamados foram presos e não se renderam ao estado fascista. Muitas das maiores obras musicais do Brasil saíram dessa época, caracterizados por mensagens subliminares (para escapar da censura), revolta com o status quo e chamada do povo para participar da revolta.

Músicos ativistas

    Artistas são uma parte importante da sociedade não só por criarem arte, mas também por representarem conceitos e serem a voz da sociedade. Não é raro que músicos sejam ativistas ou participem de protestos, utilizando sua fama para atrair atenção à causas importantes.

    Esse seria mais um exemplo de porque uma música vai além de um .mp3. O artista que está por trás pode fazer a diferença não só na vida de uma pessoa como em toda a população.

    Alguns exemplos que unem música com ativismo: Rage Against the Machine, Rita Lee, U2, Emicida, Gilberto Gil, Racionais, Belchior, etc…
    Mas nem sempre há um ativismo inerente, muitas vezes o simples ato de uma pessoa existir e ser famosa já é um ato de resistência política. Artistas LGBTQ’s, não-brancos e mulheres quebraram (e continuam quebrando) barreiras impostas na nossa sociedade, aumentando a aceitação dos grupos que participam.

A música e o pessoal

Músicas baseadas em histórias pessoais

    Artistas muitas vezes criam músicas que expressam um sentimento (A Via Láctea Legião Urbana), um momento pelo qual estão passando (Sober Demi Lovato) ou mesmo uma homenagem à uma pessoa que já se foi (Tears in HeavenEric Clapton)

Exemplos específicos

    Algumas músicas e apresentações com fatores atrelados que as deixam mais interessantes

  • Engenheiros do Hawaii Irradiação Fóssil (em homenagem ao pai do Humberto Gessinger)
  • Queen Made in Heaven (álbum póstumo do Freddie Mercury, uma homenagem da banda)
  • BeatlesShe Came in Through The Bathroom Window (baseado em fatos reais envolvendo o Paul)
  • Racionais Capítulo 4, Versículo 3 (estatísticas citadas no início da música)
  • BelchiorFotografia 3×4 (história da vida do Belchior ao sair do Nordeste para São Paulo)
  • Tim Maia e sua fase racional
  • Childish Gambino This is America (protesto contra o racismo e o sistema capitalista)
  • The AnimalsThe House of the Rising Sun (música folclórica)
  • Nando ReisO Segundo Sol (baseado em uma conversa com uma amiga do mesmo)
  • Geraldo VandréPra não dizer que não falei das flores (música com crítica à ditadura e ao pacifismo)
  • Legião UrbanaPais e Filhos (baseada em eventos reais)
  • Rage Against The Machine e o show da área vip

Parte 3 – Conclusão

    Essa parte é aberta para a discussão do que foi dito pelos participantes até agora.

Parte 4 – fontes e artigos de Interesse


[VICE] Nick cave on why AI will never write a great song

[The Verge] OpenAI’s MuseNet generates AI music at the push of a button

[CD Baby] Inteligência artificial pode competir com músicas feitas por humanos?

[Olhar Digital] Como a inteligência artificial está mudando a indústria da música

[Jazz Guitar Today] Is playing jazz cultural appropriation?

[Rolling Stones] Arte e ativismo: relembre bandas e atores que, ao defender causas, arrumaram problemas com autoridades

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