Twenty one pilots é um remédio de tarja branca

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Alô, família Insenso! (Eu só tenho esse bordão) Continuando a saga de textos que produzi para a faculdade, aqui vai mais um em que relacionei Twenty one pilots com um documentário brasileiro sobre ludicidade, espero que gostem:

 

 Trabalho apresentado para a disciplina Teorias e Praticas da Educação Musical II, pelo Curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, ministrada pelo professor Alexandre de Freitas.

 

Produzido por Maria Farinha Filmes e dirigido por Cacau Rhoden, Tarja Branca (2014) é um documentário que traz para discussão um tema muitas vezes elencado como infantil, e deixado de lado quando se olha para a educação: o brincar. Com a participação de atores, jornalistas, músicos, educadores, entre outros, o documentário passa por questionamentos filosóficos e mostra a importância do ato de brincar, seja ele feito na infância ou na idade adulta. Quando pensamos em educação é comum que se diga que é um momento de seriedade, para prestar atenção e compreender o que está sendo ensinado, por isso para as pessoas, neste momento o brincar não pode estar presente. Porém, como o psicanalista Ricardo Goldenberg explica no documentário, não existe momento de maior seriedade e concentração do que quando estamos brincando, pois focamos totalmente no ato, e o levamos às últimas consequências. Então qual a melhor maneira de aprender do que brincando?

 

Trazendo o tema para música tem várias coisas para observar e discutir. No ensino tradicional de música, assim como no ensino em geral descrito acima, não existe espaço para brincadeira, pois para dominar a teoria musical e o instrumento, é necessário horas de dedicação assídua e “seriedade” nos estudos. Não que essas coisas não sejam importantes para o aprendizado musical, é verdade que para se desenvolver técnica, que é indispensável para tocar um instrumento musical, é preciso dedicar-se à muita repetição de exercícios e concentração. Porém, quando deixamos a brincadeira de lado nos momentos de performance musical, não estaríamos fazendo música, pois o ato de brincar é essencialmente uma arte. Fazer arte é brincar, fazer música deveria também ser. “Tanto a arte como o brincar possuem o mesmo núcleo, talvez o mesmo embrião” (PEREIRA, Maria Amélia, 2014).

Antônio Nóbrega, um dos entrevistados, explica o ato de brincar como “organizar o nosso mundo, criando um mundo paralelo ao qual a gente vive”, e isso é algo extremamente notável no mundo das artes. Um artista é aquele que cria um ser ou um mundo através de sua obra, logo um artista é nada mais que alguém que a todo momento põe a brincadeira em prática. 

 

Para reforçar esse conceito e concluir, tomo como exemplo a banda contemporânea americana Twenty One Pilots, que em seu repertório, ao longo dos álbuns de estúdio lançados, construiu um universo do qual o vocalista e principal compositor utiliza para metaforizar sentimentos como ansiedade, depressão e outras condições psicológicas, sendo assim ele organiza o próprio mundo, criando esse universo musical e lírico paralelo ao dele. O seguinte trecho da música “Bandito”, do álbum “Trench” lançado em 2018, deixa claro isso: “I created this world. To feel some control. “ em tradução direta “Eu criei este mundo para sentir algum controle”. A banda é reconhecida por músicas que passam pelos mais variados estilos musicais, e fazem performances grandiosas nos palcos, o que fez um crítico definir que a banda estava “brincando de fazer música” (GUERRA, Márcio, 2018)

Em conclusão, o ato de brincar não deve ser deixado de lado e nem ser somente associado à infância. Brincar é a maior forma de seriedade que uma pessoa pode ter com algo, é uma forma de se organizar, como dito no documentário Tarja Branca, é trazer o inconsciente para o consciente. Por isso possui um potencial educativo imenso, principalmente para a educação artística, pois brincar é indissociável e imprescindível da arte.

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