Guia básico do protagonista/antagonista de ação

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Durante o post, colocarei algumas tabelas sobre classificação de personagens em níveis, feitas por pessoas aleatórias da internet. Elas não são uma verdade absoluta e pautada. Faça o que você quiser, elas só estão aqui com método interessante de comparação.
Alguns conceitos para você ficar familiarizado:

Aprofundamento

Consiste em… Aprofundar… O personagem, isto é: expandir sua personalidade ou suas características.
Exemplo: Um homem de 40 anos que terá de voltar a perseguir bandidos para encontrar seu neto, que acabou virando um.
Você sabe que ele já persegui bandidos antes e que tem um jeito de deter eles. Ok, isso é extremamente raso, vamos aprofundar isso: ele já gostou desse trabalho, mas com o tempo viu que não adianta de verdade e hoje em dia está desiludido. Seu amigo, colega de trabalho, foi assassinado e até hoje ele tem pesadelos com a cena, pois relutou quando poderia ter salvo o companheiro. Ele não bebe e gosta de ficar sozinho em casa, junto com seu cachorro.


Pronto, agora temos um pouco mais de noção sobre esse cara. Claro que você não precisa começar a história com esses dois parágrafos. Para proporcionar um aprofundamento orgânico, o recomendado é que isso aconteça com o passar da história e que não fique tão na cara. Ao invés de colocar o personagem dizendo “Eu já fui entusiasta, hoje vejo que não vale mais a pena” coloque ele conversando com alguém e dizendo “você sabe que isso não adianta! nunca adiantou!”, esse tipo de fala também vai adicionar mais personalidade nele.

Desenvolvimento

Semelhante ao aprofundamento, mas ele avança ao invés de falar do passado ou de características atuais. É como o personagem muda com o passar da história, quase sempre um processo de evolução.
Exemplo: um jovem medroso que perdeu os dois pais e teve que ir morar na rua, com o passar da história ele vai tendo que tomar medidas mais drásticas e acaba ficando mais sério, mais cruel e corajoso.

Objetivo

É aquilo que o personagem almeja. Quanto mais compreensível e relativo, melhor.
Exemplo: “Quero honrar meu pai e virar campeão mundial de boxe”, “Cruzar esse país cheio de monstros é a única forma de curar minha mãe, que pode morrer”, etc…

Protagonista

Existem vários critérios que podem fazer um personagem ser interessante ou ser apenas mais um. Eu criaria toda uma dissertação sobre isso e provavelmente não chegaria a uma conclusão, se o Super Eyepatch Wolf já não tivesse feito isso antes! Ele percebeu que qualquer “herói” pode ser alocado em duas escalas: uma que indica sua moral (indo de amoral até virtuoso) e outra que indica seu nível de poder (indo de mundano até poderoso). Juntando os dois, temos:

tabela 1
O eixo y indica se um personagem preza pelo aquilo que é correto (salva inocentes, não mata, etc…) ou se não liga pra isso (mata quem entra em seu caminho para chegar ao objetivo; Quer derrotar o vilão, mas não por motivos pessoais, sem se importar com as maldades que ele faz, etc…).
O eixo x indica se o personagem é muito poderoso dentro de seu universo ou se ele é fraco comparado com outros personagens da mesma história.
Vamos jogar alguns exemplos nessa tabela:
EXEMpl
Vamos analisar quadrante por quadrante.
No primeiro, Muito poderoso e Virtuoso, temos a maior parte dos personagens. Se um personagem tem alguma vontade bondosa, e tem poder suficiente para realiza-la, isso implica numa falta de conflito. Como um personagem desses pode ficar interessante? A melhor solução são os conflitos internos e morais: o Super-Homem pode facilmente derrotar qualquer bandido, mas e se ele tiver que escolher entre prender um bandido e salvar uma pessoa? Melhor ainda, e se ele tiver que escolher entre salvar duas pessoas?
Outra coisa que faz o Super-homem ser um personagem tão interessante é seu vilão: Lex Luthor, ele é um gênio da estratégia, manipulando todos para ficarem contra o Super-Homem e não pode ser vencido pela força bruta… Bom, até pode, mas a moral do herói impede que ele faça isso.

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O homem-aranha no fundo é um adolescente normal, com trabalho e contas para pagar. Edward Elric está a procura de um jeito de reverter as consequências de um erro seu do passado, mas se recusa a usar almas de pessoas inocentes para isso, etc…

No segundo quadrante, virtuoso e mundano, temos algo mais próximo da gente. É uma pessoa que quer fazer o bem, mas nem sempre tem o que é necessário. Quantos de nós já quisemos prender um criminoso, mas percebemos que não podemos fazer nada a respeito? Esse tipo de personagem muitas vezes se vê impotente e deve passar seus limites afim de proteger alguém ou impedir algo. O Midoriya muitas vezes é confrontado por vilões muito mais poderosos que ele, mesmo assim o herói deve encontrar um jeito de derrotá-lo. Ele não pode proteger todos que ama ou salvar todo mundo, e tem que aprender a lidar com isso.

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No 3º quadrante, mundano e amoral, vemos personagens mais polêmicos que vão mais além para alcançar seus objetivos. Por vezes não se importam em matar ou torturar pessoas, se for por um bem maior. Eles tem que ser muito inteligentes, pois, como não são tão “fortes”, não podem sair por ai se expondo. Ao contrário, devem bolar estratégias que os levem a vitória, mesmo que de forma sórdida. Podem ser muito convictos do que estão fazendo ou talvez até relutantes, a filosofia entra forte quando se trata de moral.

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Na último quadrante, amoral e muito poderoso, temos um personagem que pode ser perigoso para todos. O batman de “O cavaleiro das trevas” está cansado de ser bonzinho, e usa trapaças nas batalhas para vencer seus oponentes e talvez até matar eles. Guts está muito preocupado com seus objetivos para se importar com outras coisas. Venom faz o que quer. A falta de esperança e até mesmo compaixão desses personagens faz eles nos lembrarem nossos momentos mais tristes e de maior desilusão. Na maioria das vezes eles são: desiludidos, sem esperança, “obrigados” a fazer algo e estão cansados de tudo.

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O exemplo mais clássico seria o Dr. Manhattan, que é um humano que virou o ser mais poderoso de seu universo, podendo ver o futuro, manipular moléculas e coisas do tipo. Seu maior conflito é filosófico: depois de tanto observar o universo e o tempo, percebeu que os humanos são fúteis e desinteressantes, por isso ele se isola em Marte, pois está cansado de ter que participar da vida das pessoas. Nas suas próprias palavras: “O ser humano mais inteligente não significa pra mim mais que o Cupim mais inteligente”

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Mas não só os conflitos são importantes para tornar um personagem mais palpável, outra coisa que faz toda a diferença é… Humm, bom, vamos chamar de humanidade. Claro que isso não serve para casos exclusivos coo Dr. Manhattan, já que o objetivo dele é realmente parecer algo além de nós, alienígena por assim dizer. Mas esse seu protagonista de conto infanto-juvenil vai precisar se aproximar do leitor, para fazer ele se identificar mais. Estou falando daquelas partes da história onde a amiga do protagonista diz que gosta de bolo de morango, ou que o vilão diz que não toma bebidas alcoólicas, talvez aquela parte onde um cara fala que fez esgrima na faculdade, etc… Tudo isso faz a gente entender melhor que aquele personagem é como a gente, ele tem gostos, preferências e uma história que vai além do que é importante pra trama. Ela não é só “a escolhida para salvar a humanidade”, ela prefere gatos do que cachorros.

villain tier
Dói na alma ter que falar mal do Jonathan

Antagonista

Um antagonista precisa ter um bom objetivo, que seja coeso e compreensível. Que seja menos “quero dominar o mundo” e mais “é para o bem de todos”. Uma coisa que eu gosto muito de fazer é estudar algum ideal ou filosofia e caracterizar como um vilão. Pode ser um utilitarista (“Destruindo essa cidade cheia de inocentes, salvarei um país inteiro”), estóico (“Precisamos trazer o sofrimento de volta à vida humana, para que o homem vá além da vida de prazeres”), hobbesiano (“Se invadirmos e anexarmos esse país, seus habitantes terão melhores condições de vida”), etc…
Lembrando que é importante aprofundar ele. Faça ele parecer mais humano e interessante ao adicionar coisas como gostos pessoais, preferências, conflitos internos ou desconforto em algum momento.

vilão tier list
nível de vilão

Assista mais sobre:

What Makes a Villain Feel Real?
What Makes a Hero Feel Real?

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